rigidez cognitiva

Rigidez cognitiva é grande desafio para lideranças

Quantas vezes você como líder precisou mudar os planos e recalcular a rota? O mundo VUCA (volátil, incerto, complexo e ambíguo) é uma realidade que bate na porta das empresas todos os dias, e que, quando não levado em consideração, influencia de forma invisível nos resultados alcançados. Principalmente porque o grande desafio das lideranças ainda é a rigidez cognitiva.

Sabe aquele planejamento estratégico feito com todo cuidado no início do ano? Basta uma mudança no mercado, uma nova tecnologia ou uma crise repentina para ele precisar ser revisto – às vezes mais de uma vez por mês. Se apegar ao “plano perfeito” significa voltar algumas casas atrás.

Nesse cenário, a liderança precisa estar preparada para tomar decisões rápidas, rever rotas e lidar com o inesperado. Mas, para isso, é preciso uma mudança completa de mindset: mais flexível, adaptável e inovador.

Neste artigo da Adição Contábil vamos explorar a nova realidade de lideranças e empreendedores, em um mercado cada vez mais dinâmico e competitivo. Você entenderá:

  • Os efeitos do mundo VUCA no dia a dia das empresas
  • As novas habilidades necessárias aos líderes contemporâneos
  • O que é a rigidez cognitiva e por que ela te impede de avançar

O mundo VUCA no dia a dia das empresas

Com certeza você já viveu isso: uma nova exigência do cliente que muda o escopo do projeto. O fornecedor que atrasa a entrega. Uma tecnologia que você ignorou e mudou o jogo para o seu concorrente. O que era certo ontem, hoje já parece ultrapassado.

Esse é o mundo VUCA na prática. E, apesar de alguns líderes preferirem ignorar alguns conceitos por acreditarem ser discurso pronto de “gurus” e “coaches”, esse acrônimo precisa ser levado em consideração quando o assunto é gestão de empresas e governança.

A sociedade em rede – mais conectada, interligada e interdependente – mudou tudo: o comportamento do consumidor, as fontes de influência e, principalmente, a forma como pequenas questões alteram o mercado como um todo. Isso exige que os líderes pensem rápido, se adaptem e, muitas vezes, tomem decisões com base em informações parciais.

Nem sempre vai dar para esperar “ter certeza” – e isso exige um tipo de maturidade emocional e estratégica que poucos desenvolveram totalmente. Estruturas antigas e burocráticas já não têm mais espaço.

Mas não é só isso: a fórmula para ganhar a atenção do cliente e se diferenciar da concorrência também muda a cada instante. Acompanhar as tensões do mercado e, principalmente, as tensões sociais se torna fundamental.

Nesse sentido, compreender o cérebro social – ou seja, a forma como as decisões são influenciadas pelo ambiente e pelas tribos que cada pessoa deseja pertencer – é um dos principais fatores para planejar e adaptar rumos.

As novas habilidades dos líderes contemporâneos

Liderar nesse contexto de uma sociedade em rede caótica é estar pronto para mudar de ideia. E isso é mais difícil do que parece.

Ser líder hoje vai muito além de ter visão de negócio. É preciso ter jogo de cintura – o que especialistas estão chamando de “soft skills” ou “meta skills”. Eles incluem:

  • Pensamento flexível: Quando um caminho não dá certo, o líder contemporâneo não insiste, ele testa outro. A capacidade de adaptação é uma das mais valorizadas atualmente.
  • Aprendizado contínuo: Em vez de se apoiar apenas na experiência, o líder está sempre em busca de se atualizar e aprender algo novo. Quem se destaca não é quem sabe todas as respostas, mas quem faz as melhores perguntas e vai atrás das soluções.
  • Inteligência emocional: Pressão, incerteza e erro fazem parte do dia a dia. Cada vez mais, as habilidades cognitivas e emocionais ganham importância diante das habilidades técnicas.
  • Boa comunicação: Transparência, empatia e inclusão são essenciais para lideranças, tanto para engajar equipes quanto para alinhar a mensagem que a marca passa para o mercado às ações internas.
  • Escuta ativa: Os melhores insights muitas vezes vêm da ponta – do time, dos clientes, do mercado. O líder não precisa saber de tudo, mas precisa saber o que fazer com as informações que estão disponíveis para ele.

Quer um exemplo prático? Um empreendedor do varejo percebe a queda nas vendas em loja física. Em vez de se prender ao que sempre funcionou, ele ouve os clientes, investe em novas experiências para a loja física – caixa de autoatendimento, novas ambientes e tecnologia para ativar clientes por geolocalização. Mais do que isso: investe em e-commerce, abre contas em marketplaces e começa a atender por redes sociais e atendimento por WhatsApp.

O negócio que estava passando por uma fase difícil, passa a registrar retornos nunca vistos. Tudo porque o empreendedor entendeu o momento e se adaptou.

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O que é rigidez cognitiva e por que ela te impede de avançar

A rigidez cognitiva vai de encontro a tudo o que já falamos. Ela é sorrateira e, muitas vezes, se disfarça de “convicção” ou “experiência”. Na prática, ocorre quando um líder ignora a opinião da equipe por achar que já sabe como as coisas devem ser feitas.

Insistir em estratégias antigas porque um dia já funcionaram, ter resistência a novas tecnologias ou processos e adiar mudança importantes por medo de errar são alguns reflexos claros da rigidez cognitiva. Agora você pode estar pensando “eu não sou assim, então está tranquilo”.

Mas essa tal rigidez cognitiva pode ser muito mais disfarçada. Por exemplo, qual a sua reação quando o planejamento realizado no início do ano precisa mudar por forças maiores? Caso você se sinta frustrado, entenda que falhou e que precisa recomeçar, você também sofre com a rigidez cognitiva.

Em vez de adaptar o que é necessário, você irá começar do zero, replanejar tudo. Porque é “perfeccionista” ou porque entende que não foi capaz de fazer algo que funciona, e vai tentar novamente. Dessa forma, você entra em um clico infinito de muito planejamento e pouca ação.

O prejuízo disso vai muito além da produtividade. Ela trava a inovação, gera desgaste no time e coloca a empresa em risco de ficar para trás.

Abrir a mente é uma habilidade de sobrevivência. No livro “A Arte de ser Flexível”, Walter Riso traz o conceito de mentalidade líquida: a arte de abrir mão do controle e aceitar que a adaptação é mais valiosa do que a precisão. Ao contrário da mentalidade rígida – que tenta moldar o mundo ao seu jeito – a líquida aprende a fluir com ele.

Reconhecer traços de rigidez cognitiva na rotina é um primeiro passo – e um ótimo sinal. O autoconhecimento é o que impulsiona a mudança. A partir disso, passe a questionar mais, ouvir com mais atenção, testar ideias novas e se permitir errar, buscando aprender com isso.

Porque no mundo em que tudo muda o tempo todo, a maior força de um líder está na sua flexibilidade e na sua capacidade de se adaptar e de inovar.

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